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Pílula da beleza? Entenda como funcionam os nutricosméticos

14 fev 2012 - 07h23
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Danielle Barg

Nos filmes e desenhos infantis, tomar uma fórmula que traz a juventude ou a beleza eterna é algo viável. Na vida real, a indústria dos cosméticos, junto com o segmento alimentício, também vem trabalhando para trazer um pouco dessa magia para as gôndolas de farmácias em todo o Brasil.

Os nutricosméticos, suplementos que, em teoria, suprem as deficiências de nutrientes essenciais para a saúde e a beleza, visam amenizar os sintomas dos mais diversos problemas. A lista de objetivos é extensa, e inclui benefícios como o combate ao envelhecimento, fortalecimento de unhas e cabelos, desintoxicação do organismo, emagrecimento, prolongamento do bronzeado, hidratação e até a diminuição de sintomas da catastrófica TPM.

Mas diferentemente dos contos de fada, não existe fórmula mágica - e acreditar nisso é o principal problema associado ao produto, que é encontrado em farmácias e tem o preço médio de R$ 100 a R$ 120, de acordo com as marcas ouvidas pelo Terra. O acesso às pílulas também é irrestrito, uma vez que sua venda não exige receita médica.

De acordo com a dermatologista Leila Bloch, os nutricosméticos são ricos em vitaminas, antioxidantes e sais minerais. "A idéia é a de potencializarem o efeito do uso de cosméticos, mas com o conceito de beleza de 'dentro para fora'" , exlica. No entanto, para não gastar à toa ou se iludir com os resultados, a dermatologista recomenda uma consulta médica para avaliação e orientações sobre ingestão, dosagem e tempo de uso. "Para obter resultados, que muitas vezes levam tempo para aparecer, é necessário disciplina e paciência. O uso dos nutricosméticos deve ser associado ao de produtos tópicos dermatológicos, devendo ser coadjuvantes de um tratamento, e não substitutos", ressalta.

Além disso, é preciso estar atento à procedência do produto. "O consumidor deve adquirir somente produtos que tenham sido autorizados para comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão competente para tal. Os produtos têm número de registro no Ministério da Saúde, que está obrigatoriamente presente no rótulo. Somente esse reconhecimento pela Anvisa garante que o produto tem eficácia ou seja, cumpre o que promete, uma vez que a autorização só é permitida após a realização de estudos de eficácia e segurança realizados por laboratórios independentes de pesquisa clínica em cosmético", explica.

A Anvisa, por sua vez, não reconhece a categoria "nutricosméticos", que é uma nomenclatura usada como recurso pelo mercado. Por representarem uma inovação recente no mercado, não possuem uma área específica para enquadramento. Por outro lado, o órgão assume que "algumas marcas têm registro na Agência como alimentos com propriedades funcionais ou suplementos alimentares (cápsulas), outros como cosméticos (uso tópico)".

Sendo assim, vale ficar de olho no rótulo antes de apostar em um produto qualquer. E, sobretudo, procurar orientação médica para que ele possa identificar quais são as reais deficiências que o seu organismo apresenta. Tire abaixo algumas dúvidas comuns relacionadas aos nutricosméticos.

Resultados: quando começam a dar sinais?

De acordo com a nutricionista Anne Albano, da Nutrilatina, os resultados variam de acordo com a individualidade biológica de cada pessoa. "Também são influenciados por fatores externos, como estilo de vida. Porém, nos primeiros 30 dias de uso geralmente os resultados já são visíveis", completa.

A diretora da Innéov, que concentra pesquisadores das marcas Nestlé e L'Oréal, indica que o tratamento seja feito por no mínimo três meses. "Essa recomendação é baseada nos resultados de nossos estudos clínicos. Ele representa o tempo mínimo médio para que os resultados sejam observados."

Contraindicações

A dermatologista Leila afirma que, em sua experiência, nunca notou contraindicações relacionadas ao uso de nutricosméticos. Mas ela alerta: "porém há riscos relacionados ao uso indiscriminado, principalmente a hiperdosagem, por isso é importante a recomendação médica. Há ainda a posibilidade de surgimento de alergias." Ela explica que determinados compostos não devem ser ingeridos por crianças, gestantes, lactantes e pacientes com problemas no funcionamento do fígado ou dos rins.

Como começar a tomar

Segundo Júlia, o ideal é que o consumidor procure sempre a orientação de um dermatologista antes de começar a fazer uso das pílulas. "Ele é a melhor pessoa para indicar como deve ser usado e a duração do tratamento. O uso concomitante com outros medicamentos deve ser avaliado e determinado pelo médico responsável pelo tratamento", enfatiza.

Tomar mais de um tipo de nutricosmético: tem problema?

De acordo com Anne, não há problemas em combinar nutricosméticos com objetivos diferentes. "Por se tratarem de alimentos, possuem dosagem de nutrientes dentro da Ingestão Diária Recomendada (IDR) pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e podem ter seu consumo combinado, pois possuem composição e mecanismos de ação distintos", explica.

Os nutricosméticos servem como uma alternativa aos cremes?

Os nutricosméticos não substituem os cremes, segundo explica Samantha Kelmann, dermatologista de Oenobiol Paris. "Eles têm em sua composição vitaminas e minerais que ajudam a complementar a alimentação, agindo como um suplemento e assegurando a ingestão de nutrientes essenciais para o bom funcionamento do organismo", frisa.

Hábitos complementares

Alimentação saudável, exercícios físicos e tratamentos tradicionais de beleza não devem ser dispensados com a chegada dos nutricosméticos, de acordo com as fontes ouvidas. Pelo contrário, os resultados são reforçados justamente a partir da combinação de todos estes elementos.

Quando os nutricosméticos chegaram ao Brasil?

Segundo explica a nutricionista Anne, os nutriscométicos começaram a surgir em 2000, mas só em 2008 começou a ter um crescimento acelerado. A dermatologista Samantha reforça que o segmento apresentou crescimento significativo nos últimos anos. "Segundo dados de dezembro de 2011 do Instituto IMS Health - que audita o setor - esse mercado representa no país cerca de R$ 69.8 milhões", observa.

Para Júlia, o conceito vem ganhando força dentro e fora do Brasil. "As pessoas estão descobrindo que não só os cosméticos e procedimentos estéticos favorecem a beleza. Para se ter uma ideia, nos últimos quatro anos, esse segmento triplicou de tamanho. Hoje, 8 a cada 10 dermatologistas já prescrevem um nutriconcentrado", conclui.

Os nutricosméticos podem ser aliados em tratamentos de beleza, mas não devem ser encaradas como uma fórmula mágica
Os nutricosméticos podem ser aliados em tratamentos de beleza, mas não devem ser encaradas como uma fórmula mágica
Foto: Getty Images
Fonte: Terra
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