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Produto altamente tóxico vira alisante de cabelos no Rio de Janeiro

18 jun 2009 - 08h47
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A busca por cabelos lisos tem feito muitas mulheres arriscarem a saúde em salões de beleza. Um produto até 10 vezes mais tóxico do que o formol, chamado glutaral, vem sendo usado em salões no Rio de Janeiro.

Depois de muitas complicações com escova progressiva, Roberta só utiliza hidratação com produtos naturais
Depois de muitas complicações com escova progressiva, Roberta só utiliza hidratação com produtos naturais
Foto: Carlo Wrede / O Dia

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A denúncia é do deputado estadual Dionísio Lins (PP), autor da lei que proibiu a utilização do formol por cabeleireiros e clínicas de estética localizados no Rio. Usada na desinfecção hospitalar, a substância é tão potente que é capaz de esterilizar instrumentos infectados pelo vírus HIV, pelo da hepatite B e pelo bacilo da tuberculose. Já a utilização como intensificador em alisamentos pode ser desastrosa.

Alguns dos efeitos imediatos são queimaduras no couro cabeludo, coceira, ardência ocular e até pneumonia química - queimadura no pulmão devido à inalação, que pode levar à morte. A longo prazo, pode causar câncer e alterações no sistema nervoso central.

"Esse produto é extremamente tóxico. É usado na desinfecção hospitalar e veterinária. É tão tóxico que os profissionais que o usam em ambiente hospitalar, por exemplo, devem usar roupas especiais, luvas, capa e máscara para evitar o contato e a inalação", alerta a médica Maria Fernanda Gavazzoni, diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia. "E a máscara deve ser a indicada para gases químicos. As comuns não servem", diz, acrescentando que mesmo unidades de saúde precisam ter registro para usar o produto.

De acordo com a dermatologista, tanto as mulheres que se submetem a alisamentos com o produto quanto os profissionais que manipulam o glutaral correm riscos. "As pessoas passam o glutaral no cabelo e depois usam a prancha sem enxágue. O calor faz com que seja liberado um gás tóxico. Esse produto altera o DNA e é considerado potencialmente cancerígeno. A longo prazo, a inalação desse gás provoca alterações no sistema nervoso central, que podem deixar o raciocínio lento e dificultar a coordenação motora", afirma, acrescentando que em alguns locais está sendo usada prancha com furos para que o vapor vá para cima do profissional, e não do cliente.

O uso do glutaral como alisador já preocupa a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Assim como o formol, o glutaral é um conservante - e não um alisador - e só pode ser empregado em produtos cosméticos na concentração máxima de 0,1%. No caso do formol, esse valor é de 0,2%, afirma a Anvisa.

"Recebemos denúncia sobre o uso dessa substância. O uso de glutaral como alisador, ou seja, em concentrações maiores do que as permitidas, é ilegal. Há casos em que o cabeleireiro o adiciona ao produto. Isso é um crime hediondo. Tanto o profissional quando o salão são responsáveis. O estabelecimento pode ser fechado" diz Érica França, especialista em regulação da Anvisa. "Há ainda casos em que a indústria burla a legislação e inclui a substância na formulação de alisadores, o que é proibido. Isso está sendo investigado".

Autor do livro Dr. Cabelo, o tricologista Luciano Barsanti, presidente da Sociedade Brasileira de Tricologia, conta que atende até dez pessoas por semana com problemas relacionados ao alisamento no Instituto do Cabelo (SP). "Todos os dias atendo homens e mulheres com complicações capilares devido à química. O glutaral é o 'novo' formol, porém é mais potente ao causar danos. Já internei paciente com queimadura de 3º grau no couro cabeludo. A queimadura leva à infecção e, em alguns casos, a região jamais terá cabelo".

Preste atenção às dicas de especialistas

Legalizado

É mito dizer que alisamento faz cair cabelo, afirma Barsanti. Deve-se usar produtos legalizados. A Anvisa autoriza os hidróxidos de sódio, de cálcio, guanidina ou os à base de tioglicolato.

Leia o rótulo

É importante recorrer a um profissional habilitado. Não deixe que o cabeleireiro traga o produto já pronto. Peça para ver a embalagem e leia o rótulo. Verifique se há sigla da Anvisa ou do Ministério da Saúde. Os produtos autorizados têm uma sequência numérica com nove ou treze dígitos, iniciada pelo número 2.

Teste

Faça o teste da mecha antes de usá-lo em todo o cabelo para ver se os fios resistem à química. Em qualquer sinal de ardor no couro cabeludo, tosse ou rouquidão, deve-se interromper o procedimento, enxaguar o cabelo e procurar atendimento caso os sintomas não passem.

Intervalo

Não se deve fazer alisamentos em intervalos menores do que 3 meses porque o fio não suporta a química e quebra. O fio precisa de um intervalo para se recompor.

Hidratação

É importante manter os cabelos hidratados. O ideal é fazer uma hidratação por semana. Deve-se dar preferência a produtos com manteiga do carité, óleo de coco ou óleo de macadâmia.

Xampu

Deve ser sem sal e corante. Os mais indicados têm óleo de semente de girassol ou alecrim.

Fonte: O Dia
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