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Moda de barba é cíclica e já atingiu seu auge, diz estudo

No experimento, os cientistas pediram a mulheres e homens para avaliar rostos diferentes com "quatro diferentes variações de barba"

17 abr 2014 - 16h13
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Foto: Getty Images

A moda dos homens com barba, que rompeu as fronteiras da comunidade "hispter" para conquistar o rosto das celebridades internacionais, pode estar com os dias contados, revela uma nova pesquisa realizada na Austrália. Segundo o estudo, a tendência é cíclica e já atingiu seu auge.

Por trás do eventual fim da moda, estaria o conceito de seleção natural proposto por Charles Darwin (1809-1882). À luz da teoria do naturalista britânico, os pesquisadores da Universidade de South Wales, no sudeste da Austrália, afirmam que, dada a imensa quantidade de "barbados", homens de "cara limpa" tendem a obter uma vantagem competitiva e, portanto, sobressair e se tornar, mais uma vez, dominantes.

Nos últimos meses, inúmeros atores de Hollywood, de Zac Efron a George Clooney, abandonaram por completo o visual imberbe. O estudo foi publicado na revista científica CliqueBiology Letters. No experimento, os cientistas pediram a mulheres e homens para avaliar rostos diferentes com "quatro diferentes variações de barba". Tanto os barbados quanto os imberbes se tornam mais atraentes quando são raros em determinada comunidade.

"Seleção sexual"

A tendência reflete um fenômeno evolutivo conhecido como "seleção sexual dependente da frequência negativa". Em outras palavras, quanto mais rara for uma característica, maior é sua chance de se tornar dominante. As cores brilhantes do barrigudinho (uma espécie de peixe), por exemplo, variam de acordo com essa lógica, que é determinada pelas mudanças nas preferências das fêmeas.

Os cientistas decidiram, então, testar se a mesma hipótese funcionaria para os pelos faciais dos homens e, para isso, recrutaram voluntários em sua página no Facebook, o The Sex Lab. "Barbas grandes e espessas voltaram com força total. Pensamos, portanto, em entender esse fenômeno à luz da teoria da dependência da frequência negativa", afirmou Rob Brooks, um dos autores do estudo.

"A ideia é que talvez as pessoas comecem a copiar o estilo de George Cloney e Joaquin Phoenix (ambos atores que adotaram o visual barbado), mas quando mais e mais pessoas seguem a tendência, o valor social dessa característica diminui. É por essa razão que acreditamos que já atingimos o "auge da barba", acrescentou ele.

No último experimento, cientistas pediram a 1,453 mulheres e 213 homens para avaliar a atratividade de diferentes modelos de barba em rostos masculinos.

Alguns receberam imagens de barbas que cobriam todo o rosto. Outros tiveram de avaliar caras limpas. Coube a um terceiro grupo classificar quatro variações – barbeado, barba rala, barba por fazer e barba cheia. Tanto mulheres quanto homens disseram considerar mais atrativos os rostos com barba cheia e por fazer quando essa característica era rara. A mesma lógica foi observada para os barbeados.

Os pesquisadores concluíram, assim, que as preferências da dependência negativa da frequência podem contribuir para mudar a moda da barba. "Sabemos que a moda das barbas é cíclica", disse ele. "Há um estudo que avaliou fotos de homens de 1871 a 1972 na revistaIllustrated London News. Costeletas foram substituídas por bigodes e, mais tarde, barbas cheias".

"Nos anos 70, por exemplo, era popular o bigode guidão. Na década de 80, os bigodes passaram a reproduzir o estilo de Thomas Magnum, da série Magnum PI. Já nos anos 90, os homens descartaram a barba por completo. Agora as barbas cheias estão de volta com força total".

Barba e crise

O boom recente pode ter tido origem na crise financeira de 2008, sugere Brooks. "Acho que uma das razões pelas quais as barbas voltaram a conquistar o público masculino é que vivemos tempos difíceis". "Como não está fácil arranjar trabalho, os homens, sobretudo os mais jovens, estão dedicando um tempo maior à aparência, pois isso pode ser um divisor de águas durante a contratação. Nesse sentido, alguns aspectos da masculinidade tendem a ser sobressaltados", presume o especialista.

"Depois do crash da Bolsa de Nova York na década de 20, há uma evidência circunstancial de que as barbas voltaram com força", diz. "Acredito, portanto, que as condições econômicas possam ter precipitado o retorno da barba nos últimos anos". Brooks e sua equipe preveem fazer mais pesquisas com mais voluntários ainda na linha da percepção social dos diferentes tipos de barba.

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